quinta-feira, 5 de abril de 2012

Páscoa


Feriado de Páscoa! Que beleza: três ou quatro dias de folga do trabalho, da escola, ovos de chocolate, propagandas, coelhos... Hoje, dia 5 de abril, uma mãe dizia para sua pequena filha no mercado - que estava lotado, com muita gente cheia de ovos e outras guloseimas de chocolate - que se a menina apertasse o ovo o coelho não ia entregá-los. Não entendi. Aliás, não entendo a páscoa dos dias de hoje... coelhos entregando ovos de chocolate em homenagem à ressurreição de Jesus?

Pois os símbolos da Páscoa são anteriores à celebração cristã. Nas mitologias anglo-saxã, nórdica e germânica, pintar ovos cozidos e escondê-los era parte do ritual dedicado à Ishtar ou Eostre (veja que Páscoa em inglês é Easter e em alemão Ostern), a deusa da fertilidade e do renascimento e por isso celebrada no início da Primavera do hemisfério norte, estação que marca a passagem de uma estação fria para outra quente, marcada pelo florescimento, ressurreição da natureza. O símbolo de Eostre era a lebre (e não o coelho), animal também associado à fertilidade graças as suas grandes ninhadas.

Pois se os cristãos celebram a ressurreição de Jesus, não é coincidência que o "milagre" tenha ocorrido justamente na época em que os judeus comemoram a Pessach, Passagem, ou fuga do cativeiro egípcio. Foi na Idade Média que a Igreja Católica fixou a data da Páscoa, associando o renascimento de cristo à simbologia do culto pagão ao início da época fértil e à celebração da passagem judaica da escravidão para a liberdade.


terça-feira, 29 de novembro de 2011

Festival de Woodstock e o movimento Hippie

Grande marco da cultura hippie e da contracultura, o Festival, que ocorreu entre 15 e 19 de agosto de 1969 em Bethel (Nova York), reuniu cerca de 500.000 pessoas que assistiram aos shows de Ravi Shankar, Joan Baez, Carlos Santana, Janis Joplin, Grateful Dead, The Who, Joe Cocker, Jimi Hendrix, entre vários outros artistas.

Em meio a uma sociedade capitalista, consumista, militarista, machista e individualista, a cultura hippie defendia e promovia a liberdade, o comunitarismo, a paz e uma maior conexão com a natureza.

Abaixo três shows marcantes do festival e dois hinos da contracultura dos anos 60 e 70:

Joe Cocker em uma performance inigualável de With a little help from my friends dos Beatles, em Woodstock:

Carlos Santana com Soul Sacrifice também no grande festival:

e Jimi Hendrix com Foxy Lady:


Clássica música de Bob Dylan (que não tocou no festival) sobre a liberdade, quase um hino da contracultura dos anos 60, Blowin' in the wind (legendado):


O maior hino pela paz de todos os tempos, do Beatle John Lennon (os Beatles também não participaram do festival), Imagine (legendado):

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Os anos 20

Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os EUA passaram a controlar 30% da produção mundial, sua riqueza aumentou nada mais nada menos que 250% tornando o país a maior potência econômica da Terra. Os avanços tecnológicos – como a criação da linha de montagem – tornavam os produtos mais diversificados e mais baratos.

O Ford T e a linha de montagem (4min58):



A enorme industrialização do país absorvia mão-de-obra e possibilitava o crescimento do mercado consumidor. Multiplicavam-se as vendas de automóveis, eletrodomésticos e outros produtos até então inacessíveis a imensa maioria da população. O consumo de massa incluía também o lazer – espetáculos, esportes e os cinemas atraíam multidões. As propagandas, diretas ou então vinculadas aos espetáculos de teatro e cinema, foram também grandes responsáveis pelo aumento do consumo no país.

Vivendo em 1920 (5min57):



Essa foi a década do jazz, que saía das comunidades negras e passava a ser aceito nacionalmente.

A era do Jazz (2min):



Charleston (2min52):
http://www.youtube.com/watch?v=ZJC21zzkwoE

O Grande Louis Armstrong (3min27):



O padrão de beleza também mudou.

Moda (4min04):



Porém a felicidade proporcionada pelo american way of life consumidor era apenas aparente e exclusiva a uma parcela da população. Apesar do fim da escravidão em 1865 uma onda de racismo excluiu imigrantes católicos, judeus, latinos, asiáticos e, sobretudo, os negros. Os anos 20 também é a época do renascimento da Ku Klux Klan, organização racista que pregava a supremacia branca, anglo-saxã e protestante.

A aterrorizante Ku Klux Klan. Then and Now (2min04):



Muitos imigrantes inseriam-se no mercado de trabalho norte-americano recebendo os menores salários, principalmente nas indústrias, e recebiam pouca atenção dos sindicatos e do Estado por seus problemas. Os que vinham da Europa traziam consigo ideais socialistas (anarquistas, principalmente) Em meio às manifestações por melhores condições de trabalho, tiveram também que enfrentar uma crescente Xenofobia: passaram a ser perseguidos, presos, linchados, expulsos do país e até assassinados.
Em meio ao ambiente de mudanças sociais e econômicas, não faltaram críticas. Os da esquerda criticavam a sociedade de consumo; os conservadores defendiam os valores tradicionais contra a “sociedade moderna”.
Em 1920, foi aprovada a Lei Seca, proibindo a fabricação, o comércio e o transporte de bebidas alcoólicas. Mas a proibição gerou mais problemas, pois fortaleceu o crime organizado.

Gangsters (1min12):



Mas o pior estava por vir. O clima de otimismo camuflava uma grande depressão que estava por vir...

Lembranças da Bomba de Nagasaki

A lembrança é triste, mas deve ser feita.



Hoje, 9 de agosto de 2011, faz 66 anos que os EUA lançou uma bomba atômica sobre a cidade de Nagasaki, três dias depois de ter lançado outra sobre Hiroshima. As bombas foram lançadas no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com o intuito, segundo os estadounidenses, de encurtar a guerra e poupar vidas. Japoneses e críticos tem outra visão: impor sua força militar poerante o mundo socialista. Em Hiroshima morreram 140 mil pessoas vítimas da bomba; em Nagasaki 80 mil, somente no momento da explosão, sem contar os que morreram tempo depois por causa da radiação. A questão ainda fica: o intuito não era poupar vítimas?


terça-feira, 19 de julho de 2011

Revolução Espanhola

No dia 19 de Julho de 1936 iniciou a Revolução Espanhola, quando parte da população de Barcelona rebelou-se contra o golpe de Estado orquestrado pelos militares nos dois dias anteriores. A experiência autogestionária organizada pelo povo de várias regiões espanholas iniciada a partir daí foi singular: retirou o poder do Estado dando-o aos trabalhadores, erradicou o desemprego, as desigualdades e a pobreza. Infelizmente teve curta duração! O poder militar dos golpistas (auxiliados pela Alemanha nazista e pela Itália fascista), a falta de apoio internacional e até mesmo divergências ideológicas enfraquecerem os revolucionários que caíram sob o fogo de Francisco Franco, o autoritário governante espanhol a partir de então! Se a experiência foi curta, seus ideais ainda permanecem vivos!

Aqui quadro de Pablo Picasso de 1937 sobre o bombardeio da cidade de Guernica no mesmo ano.



Abaixo, música da banda inglesa The Clash (1976-1986), lamentando o bombardeio às cidades espanholas entre os anos de 1936 a 1939.

Salud!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Festas Juninas

Quem pensa que são festas exclusivamente brasileiras se engana. Elas existem em grande parte da Europa e em outros lugares do mundo e estão relacionadas ao solstício de verão no hemisfério norte. Suas origens são as festas pagãs politeístas da Antiguidade que comemoravam a fertilidade da terra e a boa colheita e ainda a reverência a deusa Juno.

O cristianismo não conseguiu impedir sua realização por isso adaptou a festa incorporando-a ao calendário religioso e associando-a a alguns santos, como Santo Antonio (13 de Junho), São João (24 de Junho) e São Pedro (29 de Junho). Nos tradicionais festejos juninos brasileiros a fartura de comes e bebes se mesclou aos populares pedidos de pretendentes a Santo Antonio e São Pedro (na colônia era necessário aumentar a população e povoar o território e isso só ocorreria com a procriação).

E a festa se modificou ainda mais: recebeu influências portuguesas (é claro), espanholas, holandesas e francesas (a contredanse se transformou na quadrilha). Do solstício de verão da metade norte, passou a ser associada ao solstício de inverno da metade sul do globo. No seu cardápio foram ainda inseridos ingredientes bem brasileiros como o milho, a mandiioca, fubá e o pinhão.

Veja abaixo a quadrilha, ou melho, a contredanse:

Perguntas de um trabalhador que lê

("Fragen eines lesenden Arbeiters")
Bertold Brecht

Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a
edificaram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
quem os erigiu? Quem eram
aqueles que foram vencidos pelos césares? Bizâncio, tão
famosa, tinha somente palácios para seus moradores? Na
legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados
continuaram a dar ordens a seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro? Felipe da
Espanha chorou quando sua frota
naufragou. Foi o único a chorar?
Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos. Quem
partilhou da vitória?

A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes comemorativos? A cada dez anos
um grande homem.
Quem pagava as despesas?
Tantas informações.
Tantas questões.

(BRECHT, Bertold. Gesammelte Gedichte, 1976. In: KONDER, Leandro. A POesia de Brecht e a História. Artigo publicado no IEA/USP)